terça-feira, 9 de abril de 2013

Viajar nos campos de Wicklow de carroça – Irlanda



Se lhe agradam a calma e o vagar, participe numa caravana em carroças puxadas por cavalos e explore o interior rural de Wicklow, na Irlanda. Você, a sua carroça e a estrada à sua frente é tudo o que irá acontecer.
Esta genuína e simples viagem, de um verdadeiro regresso às origens, leva-o a atravessar a paisagem pastoril, onde se ouve o ladrar dos cães e pouco mais, a não ser o ronronar do motor dos tractores, ao longe. Com a sua casa às costas, com a amabilidade do seu cavalo, que a puxa, poderá ir onde quiser.
Dirija-se rumo a ocidente, para descobrir altas montanhas e vales pronunciados, nos quais se incluem o imponente Glenmalure, o maior vale glaciar das ilhas britânicas, e Glendalough, com espetaculares lagos. Para leste a paisagem muda radicalmente, podendo encontrar aqui praias desertas, protegidas por dunas altas. A estrada é para explorar com total liberdade de itinerário e calendário, à medida que avança.

Uma das vantagens desta área é a de existir aqui uma densa rede de estradas rurais abertas à exploração, o que faz com que seja fácil escolher, Em algumas ocasiões, poderá ser necessário atravessar alguma estrada mais movimentada, mas é raro e é fácil evitá-las, uma vez que estão bem assinaladas.
Apesar de não haver um itinerário fixo, existem alguns locais recomendáveis para passar a noite, equipados com comodidades para si e para a montada. A maioria dos viajantes escolhe o trajeto entre estes locais, pelas estradas mais calmas.
Esta região fica a apenas duas horas de carro, a sul de Dublin, sendo também conhecida como o “jardim da Irlanda”, devido aos seus prados. Mas os prazeres deste passeio só podem ser saboreados após umas lições sobre o manejo da carroça e do cavalo. Verá que tomar conta de um cavalo durante a semana é um pouco como ganhar um filho – invulgarmente grande e faminto. Torna-se no centro das atenções em cada início de dia.
Na partida, em Carrigmore, onde se toma posse da carroça e do cavalo, aprenderá tudo o que necessita saber sobre o seu novo amigo, incluindo retirá-lo do picadeiro, o que terá de fazer todas as manhãs. O segredo é levar um balde de cevada, que os cavalos farejam rapidamente e onde se apressam habilmente a mergulhar o nariz. Depois disto, tornam-se muito mais obedientes. Com a barriga cheia, é tempo de verificar os cascos e escovar o dorso e crina.

O trabalho não está acabado antes da montada estar limpa. De seguida, tem que pôr a cabeçada e os restantes arreios para o fixar à carroça, de modo a que o cavalo a possa puxar. Ao início, controlar um animal de meia tonelada poderá ser assustador, mas tudo está pensado de modo a facilitar a vida a quem não tem grande experiência. Quando der por isso, estará a sair pelos portões da quinta e a fazer-se à estrada com coragem, aos solavancos, subidas e descidas.
Instalado no seu banco de madeira, com as rédeas na mão e sete dias de passeio à sua frente, poderá explorar as estradas rurais que saem de Carrigmore, em direção ao norte e aos prados verdejantes que rodeiam Glenealy e contornar o sopé da montanha de Carrick, rumo a Garryduff e à quinta de O’Byrne. Aqui poderá saborear scones caseiros e o tradicional pão escuro. Uma forma excelente de terminar o dia.
À medida que se desloca para oeste, a paisagem vai mudando lentamente, até se tornar montanhosa. Glenmalure – o enorme vale glaciário, com penhascos altos, quedas de água e encostas cobertas de feno – é o ponto principal. Michael Dwyer, herói rebelde, fez deste vale um esconderijo, quando procurava escapar aos ingleses, depois da revolta de 1798. As suas encostas íngremes e rochosas, bem como as densas florestas, terão proporcionado o esconderijo perfeito.
Quando se dirige à buliçosa vila de Arklow, instalada na ponta do canal de St. George,a paisagem difere mais uma vez, sossegadas estradas costeiras proporcionam vistas sobre o mar, dando ligações às praias de Brittas Bay, mais a norte.
O passo vagaroso da carroça, com o seu ritmo constante, permite-lhe recostar-se e assimilar o cenário desvendado a cada curva da estrada. Com uma velocidade máxima de 6 km por hora, não irá chegar depressa a lado algum, por isso há tempo mais do que suficiente para absorver o que vai vendo. É uma forma de vida sem stress e sem confusões.
No final da sua viagem, sentirá que percorreu um longo caminho em apenas sete dias e ficará admirado de ter visto tantas coisas, utilizando um meio de transporte tão lento.




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