Bucareste não é para corações moles. É a Europa longe da Europa.
Com um passado demasiado recente, a cidade de Bucareste na Roménia aos poucos sai do seu casulo vermelho e da sua rigidez ditatorial. Os edifícios imponentes, palacetes e inúmeros jardins, camuflam-se nas construções minimalistas ao estilo comunista. A cidade tem a cor de uma areia lamacenta.
Mas os costumes começam a mudar. Lojas de roupa de luxo, carros demasiado bons, casas opulentas e restaurantes finos do lado de lá do Parque Herastrau – um bosque no meio da cidade, com um enorme lago, onde os habitantes passam as suas tardes quentes à pesca, a patinar ou a andar de gaivota.
Já no centro da cidade, o moderno mistura-se com o antiquado, as roupas simples com as tendências florescentes. Publicidade de viagens, de refrigerantes e outros produtos inalcançáveis para muitos dispara nos outdoors. É que as notas, indestrutíveis, abundam mas valem pouco.
Já no centro da cidade, o moderno mistura-se com o antiquado, as roupas simples com as tendências florescentes. Publicidade de viagens, de refrigerantes e outros produtos inalcançáveis para muitos dispara nos outdoors. É que as notas, indestrutíveis, abundam mas valem pouco.
O povo confunde-nos entre a amabilidade e a indelicadeza. Uma conversa amigável por qualquer pretexto transforma-se em cara feia e amuo quase infantil.
Os táxis, tão baratos que se tornam uma opção muito mais apelativa do que qualquer outro transporte público, ziguezagueiam no trânsito caótico. É buzinadela, é palavrão, é contra-ordenação.
A noite é sofisticada – bares modernos, mini-saias e saltos altos, copos na mão e música comercial. O dia é pouco alegre – corpos que deambulam na rua, a caminho dos seus afazeres, parando minutos infinitos nas passadeiras à espera do verde, contornando os muitos, alguns pretensos, pedintes. Todos lutando pela mesma coisa – sobreviver.
Crianças brincam nas ruas, procurando no meio do lixo algo com que se entreter. Os ciganos aglomeram-se nos prédios abandonados e decoram os seus novos lares. Sentimo-nos seguros, no meio de tanta confusão.
Tantos são os contrastes que os mais longos dias com 46ºC se transformam num ápice em dias curtos que acabarão em temperaturas negativas.
Tantos são os contrastes que os mais longos dias com 46ºC se transformam num ápice em dias curtos que acabarão em temperaturas negativas.
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