Trinta e muitos anos atrás, a telenovela Gabriela, produzida pela Globo a partir de um romance de Jorge Amado, parou o país. Uma segunda versão, com transmissão em Portugal, está a servir de pretexto para dois roteiros em Ilhéus, Sul da Bahia, em torno das suas fazendas de cacau.
A versão original de Gabriela, Cravo e Canela foi a primeira telenovela da Globo a ser vendida para Portugal. Estávamos então a mais de meio da década de 1970 e o país parou para assistir às peripécias de personagens como Gabriela, Seu Naib, Tonico Bastos ou Maria Machadão, entre outras criadas por Jorge Amado.
A ação decorria em Ilhéus, no Sul da Bahia, desde sempre muito associada aos “coronéis” que fizeram fortuna com a produção de cacau. Em 2012, a Globo resolveu fazer um remake com transmissão em Portugal, e o mesmo rapidamente se colou ao projeto de reabilitação da cultura do cacau neste trecho do Nordeste brasileiro.
Depois de um período de grande riqueza, que durou de 1920 a 1988, os produtores de cacau de Ilhéus viram-se a braços com uma praga que os deixou na ruína: a Vassoura de Bruxa. Foram tempos difíceis para a maioria das fazendas históricas, apenas parte delas resistiu, tanto que hoje, superado o pior, a Bahia, que é responsável por setenta por cento da produção de cacau no Brasil, ainda fica muito aquém dos seus melhores anos.
Depois de um período de grande riqueza, que durou de 1920 a 1988, os produtores de cacau de Ilhéus viram-se a braços com uma praga que os deixou na ruína: a Vassoura de Bruxa. Foram tempos difíceis para a maioria das fazendas históricas, apenas parte delas resistiu, tanto que hoje, superado o pior, a Bahia, que é responsável por setenta por cento da produção de cacau no Brasil, ainda fica muito aquém dos seus melhores anos.
Mas, e por mais que o cacau baiano não possa competir em quantidade e preço com o de países como a Costa do Marfim, ele é agora um produto de desejo. Produtores como Diego Badaró, do projeto AMMA, estão a orientar o seu cacau para o mercado de chocolates gourmet, aproveitando que a amêndoa de cacau baiana tem sido eleita a melhor do mundo (fundamental a realização do Festival Internacional do Chocolate em Ilhéus) e que há um aumento na procura de chocolates com alto teor de cacau.
Havendo o produto, faltava o pretexto para fazer fazendas do cacau uma rota turística. À boleia de Gabriela, criou-se não uma, mas duas rotas intituladas “Caminhos do Cacau e Chocolate”. Em seis dias, a primeira vai de Ilhéus (destaque para o Café Vesúvio ou o Bataclan, antigo bordel convertido em restaurante e casa de shows) a Itacaré, com visitas à Fazenda Provisão, Sant’Ana, Ilha das Graças ou Vila Juerana; em cinco dias, a segunda passa pelo Centro do Bicho Preguiça, Canavieiras (onde foram gravadas cenas do remake da novela) ou Ilha das Garças
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