quinta-feira, 11 de abril de 2013

Seguir a Rota da Seda – De Pequim a Samarcanda



Misteriosa, colorida e remontando a civilizações primitivas, a Rota da Seda, que atravessa a Ásia Central e o deserto de Talikmakan, desde a China ao Mediterrâneo Oriental, proporciona ainda a sensação de aventura ao viajante moderno. Um dos percursos mais populares leva-o de Pequim a Samarcanda, no Uzbequistão, via Kashgar e Tashkent.
Dependendo do número de paragens que quiser fazer, esta viagem pode ter qualquer duração, desde duas semanas até mais de um mês. Os operadores têm à sua disposição vários itinerários – incluindo alguns voos, de modo a evitar grandes deslocações de automóvel entre os destinos.
A primeira grande paragem após Pequim é a Grande Muralha da China. As partes que se podem visitar a partir de Pequim são interessantes, mas perto de Jiayguan, onde se chega depois de dois dias de comboio, são mais espetaculares, uma vez que contam com torres em forma de pagode, num enquadramento de montanhas cobertas de neve.
Depois da Muralha, mais uma grande viagem de carro pela província de Gansu até Dunhuang, um oásis irrigado pelo Rio Tang e cercado pela cordilheira de Qilian, Ali perto, encontra-se um autêntico labirinto de grutas repletas de altares budistas e maravilhosas pinturas na pedra, retratando cenas de batalha. Ainda relativamente perto, encontram-se as Areias Cantantes, assim chamadas devido ao som de assobio que provoca o seu deslizar pelas dunas. Aqui, o oásis cede o passo ao deserto e as caravanas de camelos ainda dominam o comércio. Dunhuang era o ponto de encontro de dois terços da Rota, que circundavam os extremos norte e sul do deserto.
O deserto de Talikmakan, situado na região de Xinjiang, é tão agressivo como era na altura em que a rota estava de pé, este vasto deserto cobre uma área de 270 mil km², sendo apenas superado pelo Sahara. Exceptuando os oásis e povoações nas suas franjas, é totalmente inabitado e inabitável – apesar da recente descoberta de petróleo poder vir a mudar isso.
Ambas as rotas voltam a juntar-se no oásis de Kashgar. Situado a 200 km da fronteira chinesa com a Quirguízia, a cidade é lar de uma grande população Uighur, cujo império se chegou a estender da Manchúria ao mar Cáspio. Se, por acaso, chegar à localidade a um domingo, não perca o grande e colorido mercado – muitos agricultores percorrem grandes distâncias para vir vender os seus frutos e vegetais.
De Kashgar até às montanhas Tian Shan é uma longa estirada de carro, através da passagem de Torugart, a 3752 metros de altitude, passando depois para a cidade de Naryn, já na Quirguíza. Esta antiga república soviética pode gabar-se das suas paisagens espetaculares. Montanhas cobertas de neve guardam verdejantes planícies, ponteadas de lagos como o vasto Issik-Kul. A vida aqui mudou pouco com o passar dos séculos e carros puxados por cavalos são ainda o meio de transporte mais popular fora da capital, Bishkek. Anteriormente paragem obrigatória para as caravanas da Rota da Seda, esta é agora uma cidade com profundas marcas da influência soviética, como grandes espaços públicos e largas avenidas ou as simbólicas estátuas de Lenine. O país é independente desde 1991.
Fazendo mais uma longa viagem, o carro leva-o a Osh, na fronteira com o Uzbequistão, e depois a Tashkent, a capital do país. Esta é uma cidade cativante e é também uma das mais antigas da Ásia Central, tendo sido um dos nós principais de bifurcação das Rotas da Seda. Muitos dos edifícios antigos foram destruídos com a revolução russa, a partir de 1917, mas os edifícios imponentes que os substituíram não deixam de ser interessantes. Para além da arquitetura soviética, podem ainda encontrar-se mesquitas, com especial destaque para a mesquita de Khast Imam, que alberga a mais antiga cópia do Sagrado Corão.
Mais para oeste, Bukhara é uma das atrações mais visitadas da região. O seu minarete Kalian foi construído em 1127 e resistiu a anos de conflito, incluído as invasões mongóis do séc. XIII. Vale a pena subir os seus 105 degraus para contemplar a vista panorâmica da cidade. O palácio do Emir, o Ark, merece também ser visitada, em parte devido à sua história sangrenta de tortura e execuções.
A pérola desta rota da seda é claramente Samarcanda, o local ideal para terminar a longa jornada. Repleta de cúpulas e minaretes, dá vontade de ficar a vaguear pelas suas ruas durante semanas. O ponto alto da visita é, sem dúvida, o Registan, uma praça rodeada por três gigantescas e estonteantes madrassas: Tilla-Kari, Shir Dor e Ulog Beg. Outro local a não perder é Shah-L-Zinda.
Até Alexandre o Grande ficou maravilhado com a beleza de Samarcanda, que ao longo dos séculos inspirou escritores e poetas. Ao chegar aqui, depois da longa viagem desde Pequim, Poderá facilmente sentir ainda hoje o contentamento dos antigo mercadores

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