quarta-feira, 10 de abril de 2013

Viver com as tribos de Orissa – Índia



Viajar pela Índia é, sem dúvida, uma das mais intensas experiências e Orissa é uma das suas mais interessantes regiões com uma rica tradição tribal. Bem escondidas nas suas colinas meridionais encontram-se cerca de 60 tribos únicas, muitas das quais pouco ou nenhum contato tiveram com o mundo exterior. Uma das melhores maneiras de as conhecer é fazer uma viagem no tempo subindo a bordo de um carro clássico – o Ambassador.
Situada no nordeste da Índia, Orissa é uma das áreas mais pobres e menos desenvolvidas em termos de turismo. No entanto, é esta característica tribal que lhe confere o sentido genuíno de aventura.
Antes de partir da sua capital, Bhubaneshwar, rumo ao sul, não deixe de fazer uma paragem em Konark, a 64 km, e visite o magnífico Templo do Sol, a principal atração turística da região. Construído no séc. XIII, tem uma fachada avassaladora, com figuras esculpidas, incluindo elefantes e dançarinos eróticos, por cima de 24 enormes rodas de carroça.

Este território tribal localiza-se a 10 horas de carro da capital e não pode haver melhor maneira de viajar na Índia do que a bordo de um Ambassador, um modelo que continua a recordar os tempos dourados do colonialismo. Através do campo, passando pelo Lago Chilka – um local de migração de aves – a estrada vira gradualmente para oeste, subindo então as suaves colinas do Ghat oriental.
Junto a Taptapani entrará no território da Khanda, a maior tribo da região. Apesar de os vestidos indianos modernos serem já comuns, ainda se encontram mulheres com as tradicionais saias curtas e troncos cobertos de contas coloridas. Os braços estão repletos de braceletes e grandes anéis de ouro pendem das orelhas e no nariz. É impossível não admirar o esforço para que fazem para carregar este peso extra.
O ponto alto da viagem é a visita ao mercado de Dongria Kandha, na aldeia de Chatikana, um dos poucos mercados abertos a forasteiros. Os Dongria, um subgrupo da tribo Khanda, são apenas cerca de cinco mil. Vivem maioritariamente na área circundante das colinas de Niyamgiri e falam Kuvi. Uma prova do seu isolamento é que, apesar de todas as tribos viverem perto umas das outras, cada uma fala uma língua distinta.
Este isolamento é tal que as pessoas percorrem mais de 50 km até ao mercado mais próximo para depois voltar e regressar. Olhar para eles é como ver uma prova olímpica de marcha. Mas estes atletas carregam pesados fardos à cabeça ou às costas, enquanto galgam terreno. As mulheres, adornadas de colares, contas, braceletes, etc., caminham em fila num uníssono perfeito. As braceletes têm um papel importante na procura de parceiro – os rapazes chegam a entrar nos dormitórios comunitários, tentando forçar as raparigas com quem querem casar a usar as suas braceletes.
Depois de Chakitanta, a estrada serpenteia por vales luxuriantes em direção a Macchkund e a Okunudelli, principal mercado dos Bondo, nas colinas Bondo. Esta é a mais conhecida das tribos de Orissa, mas também a menos visitada – o seu sentimento de independência é tão vivo que resiste a toda a influência exterior. Os homens são conhecidos pelo seu mau humor, especialmente se estiverem a beber o seu vinho, sallap. Se tiver sorte, poderá apanhar os aldeões a dirigir-se para o mercado – as mulheres agitando as contas e os homens carregando arcos e flechas.
O que poderá ver nesta viagem não é uma recriação turística. É verdadeiro e genuíno o sentimento de que este é um daqueles poucos locais que ainda não se renderam ao mundo moderno. Até ao dia em que isso venha a acontecer, as tribos de Orissa oferecem a garantia de uma grande aventura e de um encontro com um povo resistente, belo e orgulhoso.

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